Resumão - Liberalismo e Socialismo

19-09-2010 22:45

 

LIBERALISMO

 

O liberalismo foi, durante o século XIX, uma ideologia essencialmente burguesa.

O liberalismo revelou-se como um conjunto de princípios e idéias que orientou e organizou os procedimentos políticos na perspectiva da ordem burguesa. A liberdade individual no campo político e econômico caracterizou-se como sendo o seu principal fundamento.

Os países onde o liberalismo mais se desenvolveu foram aqueles onde existia uma burguesia poderosa; sendo assim, é possível afirmamos que o liberalismo foi o disfarce, a mascara, o álibi pelo qual a classe burguesa justificou a tomada do poder.

Isso fica muito claro quando analisamos os fatos. Durante o Antigo regime, quando tiveram de lutar contra as monarquias absolutistas, contra a Igreja Católica e todas as forças obscurantistas, os liberais foram subversivos, progressistas e revolucionários. À medida que tomaram o poder, tornaram-se conservadores, defendendo ciosamente as suas conquistas. A história oferece um repertório completo que serve para endossar o que afirmamos. As revoluções das décadas de 20, 30,40 do

século XIX, em sua maioria, foram inspiradas em idéias liberais.

Os liberais transformaram as sociedades européias. Os liberais transformaram as sociedades européias. Na Inglaterra, na Holanda e nos países escandinavos, as mudanças ocorreram pelas reformas. Em outros paises – a França especialmente – a revolução foi o método utilizado para acelerar a evolução econômica, social e política.

A sociedade liberal repousa sobre a igualdade de todos perante a lei. Porém, no campo social, as desigualdades aumentaram, gerando terríveis injustiças.

Dinheiro e cultura são os dois princípios que norteiam a sociedade liberal. Como escreveu René Rémond:

 

SOCIALISMOS

 

A exploração dos operários fez com que muitas pessoas, com idéias humanitárias e progressistas, levantassem suas vozes, denunciando e buscando soluções para os males que afligiam as classes desfavorecidas.

 

O conde de Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858) são chamados de socialistas utópicos porque o socialismo que pretendiam era irrealizável.

O conde de Saint-Simon recebeu uma esmerada educação. Para ele, a principal missão da sociedade devia ser o desenvolvimento de riquezas. Sendo assim, os industriais formariam uma classe social mais importante que a nobreza e o clero e, portanto, deveriam governar o país.

Em sua última obra, O novo cristianismo, pregava um regime cujo principio básico fosse “amar o próximo”.

Segundo Saint-Simon, era preciso fazer com que as classes prósperas compreendessem que a melhoria das condições de vida dos pobres implicaria também na melhoria das condições de vida delas.

 

As idéias de Fourier estão expostas em sua principal obra: Teoria dos quatro movimentos. Nela, propõe a criação de “falanstérios”, ou seja, grandes edifícios administrados dentro de normas cooperativistas.

Nas comunidades idealizadas por Fourier não haveria igualdade absoluta.

Haveria sim a igualdade de oportunidade, em que os filhos dos pobres receberiam a mesma educação dos filhos dos ricos. Haveria sufrágio universal e os trabalhos desagradáveis seriam mais bem remunerados.

Em suas fábricas, Owen reduziu a jornada de trabalho dos operários. Procurou melhorar suas habitações e ainda abrir armazéns onde operários podiam comprar a preços baixos produtos de boa qualidade.

Owen foi além, organizou escolas e creches. Tentou, sem sucesso, organizar na América do Norte, para onde se transferira uma comunidade agrícola comunista.

 

Os alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) publicaram em 1848 o Manifesto do Partido Comunista. Nessa obra, Marx e Engels diziam que a burguesia destruíra as relações feudais e tornara-se a classe dominante no sistema capitalista. O proletariado iniciou a luta contra a burguesia, classe dominante do regime capitalista, que o explorava.

Marx e Engels falavam que o objetivo imediato dos comunistas era “a destruição da supremacia burguesa, a conquista do poder político pelo proletariado”.

Assim, pois, o Manifesto do Partido Comunista continha a idéia de ditadura do proletariado. Além disso, Marx e Engels fundamentaram a necessidade da destruição da propriedade privada dos meios de produção, não dos bens de consumo, como erroneamente se difunde com freqüência.

Sobre as tarefas do proletariado, diz-se na parte final do Manifesto do Partido Comunista:

 

“Os comunistas não se rebaixam a dissimular seus propósitos.

Proclamam abertamente que seus objetivos não podem ser alcançados senão pela derrubada violenta de toda ordem tradicional. Que as classes dirigentes tremam ante a idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder a não ser suas cadeias. Têm, em troca, um mundo a ganhar.”

“ Proletários de todos os países, uni-vos!”

 

Marx e Engels participaram ativamente das lutas políticas e sociais de seu tempo. Apesar das perseguições, em 1864 os amigos inseparáveis fundaram a Associação Internacional dos Trabalhadores – a primeira internacional.

Para Marx e Engels a história da humanidade tem sido a história da luta de classes, ou seja, a luta entre patrícios e plebeus na sociedade romana, senhores feudais e servos da gleba na sociedade medieval, burgueses e proletários na sociedade capitalista. A produção econômica e a organização social que dela resultam necessariamente para cada época da história política e intelectual dessa época, ou seja, o materialismo histórico.

Segundo essa doutrina, caberia à classe operária o papel histórico de transformar pela revolução a sociedade capitalista, através do estabelecimento da ditadura do proletariado e da supressão da propriedade privada. A ditadura do proletariado marcaria o advento do socialismo, como fase de transição de uma sociedade capitalista - baseada na propriedade privada e na existência de classes para uma sociedade comunista - baseada na inexistência de classes e na propriedade social dos meios de produção.

 

Mais-valia: valor que o operário cria além do valor de sua força de trabalho. Exemplo: O trabalhador com uma jornada de trabalho de 12 horas produzia para se pagar em 5 horas, o restante ele trabalhava para o capitalista. (Karl Marx).

 

 

ANARQUISMO

 

No final do século XIX, Sorel, Pouget e Paul Loius procuraram dar uma aparência intelectualizada à violência industrial. Antes, em 1793, William Godwin- um dos primeiros anarquistas defendia a mais completa liberdade do individuo. Em 1840, Proudhon inventou o slogan revolucionário: “O que é a propriedade? A propriedade é um roubo”.

Bakunin, Kropotkine e Enrico Malatesta foram os principais ideólogos anarquistas.

 

- Pregavam a negação do Estado (para os anarquistas o estado só existia para “sepultar” a liberdade).

- Eram contra propriedade privada.

- Pretendiam criar comunidades livres e autônomas.

- Eram a favor do anticlericalismo fulminante. “Se Deus existisse realmente, seria necessário fazê-lo desaparecer.” (Bakunin).

Para Bakunin, o homem é bom, quando livre, porém, “qualquer estado, como qualquer teologia, parte do principio de que o homem é essencialmente mau e perverso”.

 

INTERNACIONAIS

 

A primeira organização de caráter socialista foi à liga dos comunistas, criada por Marx e Engels, no tempo das sociedades operárias clandestinas da França, em 1836.

Em 1840, o centro dirigente transferiu-se para a Inglaterra, incorporando um caráter internacional.

Em 1864, as greves operárias aumentaram, revelando sua força política. Os operários franceses e ingleses estabeleciam contratos permanentes a fim de promoverem a ajuda mútua, surgindo os comitês operários de solidariedade internacional. O movimento fortaleceu-se com a adesão de outros países, cujos trabalhadores sofriam as mesmas explorações: a Polônia, a Alemanha, os Estados Unidos responderam assertivamente aos comitês operários.

Em 28 de setembro de 1864, foi realizada a primeira grande assembléia internacional em Londres, preparada por Marx e Engels. Os participantes fundaram, então, o partido proletário permanente, ao mesmo tempo em que se criava a Internacional ou Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).

Desde o inicio, uma das principais dificuldades da internacional foi conviver com diferentes níveis de consciência da classe operaria: assim como na Comuna de Paris, também nas assembléias das internacionais existiam diversos segmentos, como os proudhonianos, os anarquistas, os owenistas, entre outros. Essas divergências tornavam mais complexa atuação da Internacional diante dos problemas político-sociais emergentes. Os proudhonianos, por exemplo, eram contra as greves, contra a organização sindical, contra a jornada de trabalho contra o emprego das mulheres em atividades fora do lar. Além destes, haviam os anarquistas adeptos de Mikhail Bakunin, cujos princípios discordavam da fundação do partido proletário e da ditadura do proletariado. Os anarquistas foram expulsos da organização, permanecendo a liderança de Marx.

 

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

 

Para combater os anarquistas, os socialistas e os excessos do capitalismo, o papa Leão XIII escreveu a encíclica Rerum Novarum, na qual reconheceu a gravidade da questão social, porém reconheceu a propriedade privada como um direito natural, repudiando a doutrina marxista. Condenou também os abusos do capitalismo.

Em síntese, a doutrina social da igreja se opõe energicamente às concepções radicais e materialistas dos adeptos do socialismo e do anarquismo e procuraram conciliar, pelo cristianismo, os interesses antagônicos de operários e patrões.

Procurou, enfim, humanizar o capitalismo.